Balões ao Ar

31/01/2021

Estudando a Dispersão de Poluentes na Atmosfera


Estava trabalhando localização de pontos no espaço com a primeira série do Ensino Médio no colégio Renovação, em Nova Iguaçu, e veio-me uma ideia para trabalhar com mapas envolvendo todas as séries da escola. A proposta era estudar a dispersão de poluentes na atmosfera.

Um grande mapa foi fixado em um painel de cortiça. Todos os alunos, das séries iniciais do Ensino Fundamental a terceira série do Ensino Médio, receberam meia folha de papel A4 com um cabeçalho apresentando os objetivos do projeto, um número de identificação da folha, o telefone da escola e um espaço que deveria ser preenchido pelo aluno com um motivo relacionado com os cuidados que devemos ter com o nosso planeta e os malefícios da poluição. Os alunos das séries iniciais fizeram desenhos, e os maiores escreveram um parágrafo sobre o assunto. Nessa folha de papel também havia uma solicitação para aquele que encontrasse o papel entrasse em contato com a escola através do número de telefone presente na folha e informasse onde a folha foi encontrada e qual o número registrado nela. Cada folha foi enrolada e posta dentro de um saquinho de sacolé, esses saquinhos nos quais se faz uma espécie de "picolé sem palito". Em seguida, cada um dos saquinhos foi amarrado em um balão de gás hélio (bolas de soprar cheias de hélio).

Em um dia ensolarado, a cada hora, os alunos de uma turma da escola ia ao pátio e soltavam, juntos, os balões com os textos que eles produziram. Os alunos da primeira série, que deram origem ao projeto, se dividiram em turnos para ficarem sentados à frente do telefone recebendo o retorno daqueles que achavam os balões. Cada balão encontrado tinha seu número de identificação afixado no mapa, através de percevejos, no local indicado por quem encontrou o balão. O número de identificação permitia saber a que horas o balão foi solto, e as marcações no mapa descrevia as correntes de ar que transportaram os balões. Assim, era possível identificar como se dava a dispersão de poluentes na atmosfera.

A execução desse projeto foi uma festa para a escola inteira. Todos ficavam esperando a hora na qual sua turma soltaria os balões e acompanhavam no mapa os balões que eram encontrados. Um dos problemas foi que as correntes de ar levaram a maioria dos balões para a Baía de Guanabara. Mesmo assim, muitos balões foram encontrados e deu para perceber bem o caminho que eles seguiram. Um dos telefonemas veio de um navio fundeado na Baía de Guanabara.

Além de cumprir seu papel pedagógico e envolver todas as crianças, o projeto divulgou o nome da escola, mas, para estudar e discutir a poluição, nós enchemos a Baía de Guanabara de saquinhos plásticos e balões de borracha. Na época eu nem pensei nisso. Se fosse desenvolver novamente esse projeto, daria um jeito de usar materiais biodegradáveis, preservando a coerência do projeto.

Quase um mês depois da soltura dos balões, um deles foi encontrado no norte de Minas Gerais. Foi a cereja do bolo!