Elon
Cruz na porta da tabacaria!
A morte do Prof. Elon foi mais do que a morte de um Mestre, de um amigo. Para muitos ele era um ícone. Para mim, era uma referência de quem sou. Sempre que eu ia ao IMPA o procurava em sua sala e ele me recebia com conversas prestimosas. Conversávamos não só sobre Matemática, mas sobre dúvidas pessoais que eu possuía e sobre as experiências de vida do Mestre. Nem sempre concordava com suas posições e conclusões, mas aprendia com todas elas.
Antes do meu convívio um pouco mais próximo com o Mestre, convidei um grupo de professores de Matemática, dentre os quais o Elon, para um almoço em minha casa. Meu medo era que o primeiro a chegar fosse o Elon. Como me dirigir a alguém que carrega a imagem dos livros de Análise? Como me dirigir a um mito, à concretização do abstrato? Não deu em outra coisa. O mestre chegou de sandálias e bermuda e com uma fala que passava longe das formalidades acadêmicas. Foi um orgulho e um prazer tê-lo em minha casa e, a partir de então, começaram nossos encontros em sua sala no IMPA.
Talvez ele tenha sido a pessoa mais inteligente que conheci. Há um espaço vazio nos corredores do IMPA. Há um espaço vazio em minhas conversas.
Elon Lages Lima,
Ele Luzia Livros.